Depoimento de Leitura - Angela
Minha
mãe estudou somente até a 4ª série do Ensino Fundamental, mas sempre nos
contava que o dia de sua formatura foi um dia muito triste, pois sabia que não
iria mais para a escola, pois tinha que trabalhar para ajudar meus avós. Mas
sempre repetiu o que minha avó dizia “A maior herança que um pai pode deixar
para seus filhos são os estudos, pois ninguém rouba e nem tira”. Naquele tempo,
as escolas para as outras séries eram muito longe e minha mãe não pode
continuar estudando. Mesmo tempo estudado pouco, sempre nos ajudou em casa.
Quando tinha 6 anos fui
para a pré-escola e foi quando tive os primeiros contatos com a leitura. Em
minha casa não tínhamos livros. Não me lembro de nenhum livro que minha
professora leu para nós.
Somente na 1ª série, com a
professora Ana Lúcia, que lia muitos livros para nós foi quando comecei mesmo a
poder deslumbrar ao prazer da leitura. Foi quando conhecemos a biblioteca da
Escola Estadual e logo depois foi inaugurada uma biblioteca municipal.
Me recordo de uma estória que
minha mãe sempre conta: quando abriu a biblioteca municipal para fazer o
cadastro e retirar livros era necessário o endereço. Eu queria muito fazer esse
cadastro para retirar livros, mas eu e meu irmão tínhamos acabado de discutir e
ela disse que de castigo não iria dar o endereço. É lógico que depois de 5
minutos eu e meu irmão já estávamos numa boa e querendo ir à biblioteca mas sem
o endereço. Aí tive uma ideia, minha casa era na esquina, fomos até a frente
dela e copiamos o nome da rua daquelas placas e corremos olhar para o número da
casa e já tinhamos o que precisávamos. Quando mostramos para minha mãe, ela
ficou surpresa e nos tirou do castigo, assim pudémos ir à tão desejada
biblioteca.
O primeiro livro que comprei foi o
Seminarista, de Bernardo Guimarães. Adorei ler esse livro, estava na minha
adolescência.
Também tenho uma péssima lembrança
de leitura do Ensino Médio. Estudei em colégio particular e tínhamos uma aula
de leitura por semana, mas essa aula funcionava da seguinte maneira: a
professora dizia de que página até que página tínhamos que ler de determinado
livro, estipulado por ela (normalmente, os da lista de vestibular) e durante
esta aula fazia uma chamada oral com perguntas sobre aquelas páginas. Era
horrível, às vezes chegava a ler três vezes o mesmo capítulo e parece que eu
não me lembrava de nada do que eu tinha lido.
Até hoje, se eu começo a ler um
livro que eu gosto, termino-o rapidinho,
mas se não tiver o gosto pelo texto, parece uma eternidade seu fim.
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