terça-feira, 4 de junho de 2013

Depoimento de Leitura - Angela

 

    Minha mãe estudou somente até a 4ª série do Ensino Fundamental, mas sempre nos contava que o dia de sua formatura foi um dia muito triste, pois sabia que não iria mais para a escola, pois tinha que trabalhar para ajudar meus avós. Mas sempre repetiu o que minha avó dizia “A maior herança que um pai pode deixar para seus filhos são os estudos, pois ninguém rouba e nem tira”. Naquele tempo, as escolas para as outras séries eram muito longe e minha mãe não pode continuar estudando. Mesmo tempo estudado pouco, sempre nos ajudou em casa.
           Quando tinha 6 anos fui para a pré-escola e foi quando tive os primeiros contatos com a leitura. Em minha casa não tínhamos livros. Não me lembro de nenhum livro que minha professora leu para nós.
            Somente na 1ª série, com a professora Ana Lúcia, que lia muitos livros para nós foi quando comecei mesmo a poder deslumbrar ao prazer da leitura. Foi quando conhecemos a biblioteca da Escola Estadual e logo depois foi inaugurada uma biblioteca municipal.
Me recordo de uma estória que minha mãe sempre conta: quando abriu a biblioteca municipal para fazer o cadastro e retirar livros era necessário o endereço. Eu queria muito fazer esse cadastro para retirar livros, mas eu e meu irmão tínhamos acabado de discutir e ela disse que de castigo não iria dar o endereço. É lógico que depois de 5 minutos eu e meu irmão já estávamos numa boa e querendo ir à biblioteca mas sem o endereço. Aí tive uma ideia, minha casa era na esquina, fomos até a frente dela e copiamos o nome da rua daquelas placas e corremos olhar para o número da casa e já tinhamos o que precisávamos. Quando mostramos para minha mãe, ela ficou surpresa e nos tirou do castigo, assim pudémos ir à tão desejada biblioteca.
            O primeiro livro que comprei foi o Seminarista, de Bernardo Guimarães. Adorei ler esse livro, estava na minha adolescência.
       Também tenho uma péssima lembrança de leitura do Ensino Médio. Estudei em colégio particular e tínhamos uma aula de leitura por semana, mas essa aula funcionava da seguinte maneira: a professora dizia de que página até que página tínhamos que ler de determinado livro, estipulado por ela (normalmente, os da lista de vestibular) e durante esta aula fazia uma chamada oral com perguntas sobre aquelas páginas. Era horrível, às vezes chegava a ler três vezes o mesmo capítulo e parece que eu não me lembrava de nada do que eu tinha lido.
            Até hoje, se eu começo a ler um livro que eu gosto,  termino-o rapidinho, mas se não tiver o gosto pelo texto, parece uma eternidade seu fim.

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